segunda-feira, 2 de maio de 2022

A Máquina de Escrever e o Computador

- O tempo passa, essa é uma certeza absoluta! Afirmou o jovem Computador cheio de si no escritório de direito.

Ele fez uma pausa, como quem aprecia o efeito da afirmação, e continuou, com a arrogância que é própria dos jovens:

- Assim como passa o tempo, a velhice chega para muitos. Falou isso como quem olha de rabo de olho para a senhora Máquina de Escrever, que descansava na prateleira de uma estante ao lado da mesa do café.

- Ser velha não significa ser inútil, caro rapaz! Replicou a Máquina, incomodada com a petulância do Computador.

- Pode ser que, às vezes, não, minha senhora! Mas com certeza, a idade avançada dificulta e muito a senhora realizar atividades do nosso escritório como eu faço todos os dias sem sequer suar.

- Pois saiba que eu ainda escrevo textos maravilhosos e sem dar trabalho, se meus patrões precisarem de mim.

- Ah, sim, claro! Com certeza! Respondeu o Computador, irônico. Você falou bem: “se” e somente “se” eles precisarem de você. Mas não precisam, porque eu faço muito mais do que somente escrever um texto... posso trabalhar com fotos, vídeos, entrar na internet, fazer videoconferência, posso...

Nesse instante, faltou energia no escritório e o computador desligou imediatamente, deixando sua fala incompleta, para alegria da Senhora Máquina de Escrever, que não aguentava mais a arrogância daquele Computador exibido.

Como ainda era dia e o sol iluminava bem a sala através das altas janelas com vidros transparentes, o jovem escrevente foi até a estante ao lado da mesa de café e abraçou a máquina de escrever com cuidado para não derrubá-la. Depois de colocá-la na escrivaninha, no lugar onde antes estava o Computador, e colocar a folha no carrinho, o rapaz se pôs a escrever com desenvoltura e ritmo cadenciado.

Moral da história: Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe.

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