- O tempo passa, essa é uma certeza absoluta! Afirmou o jovem Computador cheio de si no escritório de direito.
Ele fez uma pausa, como quem
aprecia o efeito da afirmação, e continuou, com a arrogância que é própria dos
jovens:
- Assim como passa o tempo, a
velhice chega para muitos. Falou isso como quem olha de rabo de olho para a
senhora Máquina de Escrever, que descansava na prateleira de uma estante ao
lado da mesa do café.
- Ser velha não significa ser
inútil, caro rapaz! Replicou a Máquina, incomodada com a petulância do
Computador.
- Pode ser que, às vezes, não,
minha senhora! Mas com certeza, a idade avançada dificulta e muito a senhora
realizar atividades do nosso escritório como eu faço todos os dias sem sequer
suar.
- Pois saiba que eu ainda
escrevo textos maravilhosos e sem dar trabalho, se meus patrões precisarem de
mim.
- Ah, sim, claro! Com certeza!
Respondeu o Computador, irônico. Você falou bem: “se” e somente “se” eles
precisarem de você. Mas não precisam, porque eu faço muito mais do que somente
escrever um texto... posso trabalhar com fotos, vídeos, entrar na internet,
fazer videoconferência, posso...
Nesse instante, faltou energia
no escritório e o computador desligou imediatamente, deixando sua fala incompleta,
para alegria da Senhora Máquina de Escrever, que não aguentava mais a
arrogância daquele Computador exibido.
Como ainda era dia e o sol
iluminava bem a sala através das altas janelas com vidros transparentes, o
jovem escrevente foi até a estante ao lado da mesa de café e abraçou a máquina
de escrever com cuidado para não derrubá-la. Depois de colocá-la na
escrivaninha, no lugar onde antes estava o Computador, e colocar a folha no
carrinho, o rapaz se pôs a escrever com desenvoltura e ritmo cadenciado.
Moral da história: Não há mal
que sempre dure, nem bem que nunca se acabe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário